segunda-feira, 16 de junho de 2008

Monotonia





A maçante aula de geografia, parecia ser eterna. A professora, não parava de falar a alguns minutos. Minutos passados como meses. Jack, olhava o relógio a cada 10 ou 15 segundos com uma forçada esperança de que o ponteiro dos minutos estivesse marcando o fim da aula. 

Á sua esquerda, o cabeça de bagre da turma, que irônicamente era conhecido por Bacalhau, tirava caca do nariz e limpava embaixo da carteira. As garotas sentadas na ultima fileira junto a porta, demontravam mais preocupação com o próprio cabelo e a maquiagem, do outro lado. Com excessão do grupinho junto a mesa da professora, que estava disperso e desconcentrado, o que era incomum, já que dedicavam suas vidas ao exercício de puxar o saco dos professores, tudo na sala estava dentro de seus devidos padrões, incluíndo os baderneiro no fundo da sala, fazendo claro(ignorados pela professora), uma baderna.

Jack, olhou pela janela, pela centésima vez naquele dia, esperando ver o corredor de sempre, escuro, frio e vazio, durante os horários de aulas. Mas não dessa vez. Via agora um enorme cão negro sentado junto a porta da sala do diretor (quase de frente pra sala de Jack). Piscou algumas vezes para confirmar o que via, e constatou que o cão devia ter mais de 2 metros. Sentado, estava mais alto que a porta da sala. 

O Cão o olhava. O encarava na verdade. Jack tentou gritar, mas ficara sem reação. Anos depois contaria, para seus colegas de sanatório, sobre a cena a seguir. A cena mais impressionante que vira em toda sua vida.

O enorme cão negro levantou-se, deu uma sacudida, colocando o pelo no lugar, e veio em direção a sua sala. Expremeu-se para passar pela porta, e ndou em direção a professora. Os alunos começaram a gritar, alguns com medo, outros´eufóricos. Jack permanecia em silencio, assistia tudo como em um filme. O Cão avançou devagar sobre o professora derrubando-a facilmente. A professora, berrava de terror. A cena parecia inteiramente cômica, já que o cão não demonstrava agressividade, parecia mais um cachorro que pula sobre o dono quando este chega em casa. De fato, Jack pensara por um instante que o Cão estava lambendo o rosto da professora.

Jack não percebera que o cão mordiscara o queixo da professora, até ver seu focinho avermelhado, os berros da professora haviam se tornado gemidos agonizantes de dor. Os alunos continuavam desesperados. Jack não conseguia nem mesmo piscar. Estava completamente paralizado, da cabeça aos pés. O cão agora partia para o nariz da professora, arrancou-o com a mandíbula fechada, e dois puxões fortes, ainda sem nenhuma agressividade. Estava tão calmo quanto um velho cão a beira da morte. Apenas continuava a mutilação do rosto da professora como se estivesse brincando com um mordedor de borracha.

Cinco segundos mais tarde, a turma evacuava-se pela porta de entrada da sala. Jack continuava inerte em sua carteira. A professora tinha parado de gritar, e de se mexer, o cão lambia os beiços num gesto incrivelmente humano, não demonstrava mais interesse pela professora. Jack notara agora que estava sozinho na sala, apenas Bacalhau tinha ficado. 

Ótimo, sua professora de geografia tinha sido morta pelo maior cachorro que ele já vira. Não conseguia se mexer, nem mesmo para correr, e tinha como compania o retardado da sala. Bacalhau levantara-se, limpava as mãos sujas de caca nas camisa, e agora parecia estranhamente nervoso.

Jack estranhara aquela expressão séria no rosto de Bacalhau, ainda mais do que estranhra o Cão de 2 metros no corredor. Geralmente ignorava a presença do colega na classe. Evitava falar com ele, tanto por repulsa quanto por medo. O garoto era visivelmente retardado, e bem grande para sua idade. Jack não juntava-se com os amigos para fazer as humilhantes brincadeiras que faziam com Bacalhau no intervalo, mas também não demonstrava interesse em defende-lo. O garoto estava sempre pelos corredores, falando sozinho e mexendo nos armários dos colegas.

Agora estava ali, estranhamente sério, e parecia completamente seguro do que ia fazer. Esticou o braço na altura dos ombros apontando para a porta e berrou como louco:

-TOTÓ FEIO!! TOTÓ FEIO! NÃO PODE! NÃO PODE! PASSA JÁ!